Chegamos ao final do primeiro semestre do ano e foram tantos os eventos que sentimos que passou um ano inteiro. Na primeira metade do ano, vimos o mundo iniciar uma guerra. Não estamos falando da invasão da Ucrânia pela Rússia e nem da nossa contínua luta contra o coronavírus, mas sim da inflação, coisa que os brasileiros infelizmente estão bastante acostumados. Depois de muitos anos de incentivos, os formadores de política monetária pelo mundo têm revisado as suas ações para tentar contê-la.
O cenário econômico e geopolítico ao longo deste semestre acrescentou uma dose grande de volatilidade. Vimos os mercados dos países desenvolvidos, como os EUA, apresentarem quedas de mais de 20%, adicionalmente, o FED (Banco Central Norte Americano) iniciou um ciclo de alta na sua taxa básica de juros (que, diga-se de passagem, passou muitos anos próxima a zero) como uma ferramenta de combate à inflação, que permaneceu “estacionada” ao redor de 2% nas últimas duas décadas.
Além disso, a redução da liquidez mundial, devido à diminuição dos estímulos monetários implementados durante a pandemia, levou aos investidores a observar melhor os riscos nas suas decisões de investimento, adotando uma postura mais racional e cautelosa.
Do outro lado do Atlântico, a paz que reinava por muitos anos no Velho Continente foi abalada pela invasão da Ucrânia pela Rússia. Ambos os países são grandes exportadores das commodities russas, principalmente gás, petróleo, trigo e fertilizantes.
As potências do Ocidente, representadas pela OTAN, correram para impor sanções à Rússia, acreditando que reduzir o comércio que ela, conseguiria enfraquecê-la e fazê-la voltar atrás, mas já estamos completando cinco meses de guerra e não há sinais de quando se encerrará.
Além de uma crise humanitária e migratória sem precedentes, a guerra e as sanções impostas levaram ao aumento significativo do preço do petróleo e do gás. Vimos os países europeus que eram dependentes da commodity russa passar por uma crise energética e, consequentemente, observar um aumento significativo dos preços dos combustíveis e da energia.
Neste primeiro semestre, também vimos o grande motor da economia mundial nas últimas três décadas, a China, precisar de uma “revisão mecânica”. Com a sua política de Covid Zero, o governo passou a decretar lockdowns naquelas cidades que apresentavam algum aumento do número de casos. Estes fechamentos ocasionaram a redução dos fornecimentos de produtos e insumos para o mercado global, principalmente para o setor automotivo. Adicionalmente, acendeu-se uma luz amarela para um crescimento do PIB menor do que o esperado para este ano.
Por aqui, os preços dos combustíveis viraram notícia. Além da alta assustadora dos preços nos postos, as trocas no comando da Petrobrás se tornaram recorrentes. A discussão sobre política de preços dos combustíveis da empresa tem sido bastante questionada, já que leva em consideração tanto o preço da commodity quanto a variação do dólar. Este último deu sinais de que chegaria a patamares mais “comportados”, chegando a ficar abaixo de R$ 5,00, porém com a preocupação cada vez maior com a inflação global, voltou a ficar mais próximo de R$ 5,40.
Nossa taxa de juros chegou ao patamar de 13,25% a.a. Infelizmente, mais uma vez estamos com a taxa de juros em dois dígitos numa nova tentativa de conter a inflação.
Todos estes eventos contribuíram para um primeiro semestre de muita volatilidade nos mercados, principalmente para os ativos de risco. A percepção é que a fonte de dinheiro barato está se esgotando e, agora, a avaliação do risco é fundamental para a tomada de decisão.
O Ibovespa (principal índice da bolsa brasileira), que iniciou o ano ao redor dos 120 mil pontos, agora opera abaixo de 100 mil pontos, com os investidores mais cautelosos e uma notória migração para os títulos de renda fixa, tendo em vista o aumento expressivo da taxa de juros. Os investimentos no exterior também foram bastante afetados por este cenário, com os principais índices caindo mais de 20% e o início do aperto monetário nos EUA.
O primeiro semestre também foi de muito trabalho para a Diretoria de Investimentos da Néos, a qual iniciou a implementação da estrutura integrada da carteira de investimentos, com o objetivo de oferecer os mesmos produtos de investi[1]mentos para todos os perfis de investimentos da Néos, através da alocação em fundos exclusivos que compram cotas de outros fundos. A nova estrutura visa otimizar o acompanhamento e operacionalização dos investimentos, assim como dar mais agilidade na captura de oportunidades.
Além disso, neste semestre, tivemos a efetivação da migração voluntária para o Plano CD Néos, a qual exigiu o engajamento de toda a equipe da Néos, de modo que o processo ocorresse da melhor forma possível, mitigando o risco de impacto na rentabilidade dos perfis de investi[1]mentos. Todo o processo foi realizado no mês de abril.
Por fim, apesar de toda turbulência no cenário econômico e político, sabemos que ainda temos muito trabalho pela frente, e que oportunidades podem existir. No segundo semestre, ainda enxergamos um ambiente volátil, com a continuação do aperto monetário nos países desenvolvi[1]dos, a invasão da Ucrânia pressionando os preços das commodities e inflação no mundo, além de tudo isso, aqui no “nosso quintal”, as eleições começam a entrar no radar do mercado e dos analistas.
Do lado da Diretoria de Investimentos, seguimos acompanhando o mercado, mantendo conversas com os gestores e realizando estudos. Para o segundo semestre, teremos a revisão da política de investimentos para os próximos cinco anos, a avaliação das carteiras dos planos BD e estudos de otimização de carteira.
Com foco no longo prazo, adoção das melhores práticas de gestão, otimização das carteiras, decisões colegiadas e muito, muito trabalho duro, temos certeza de que conseguiremos atravessar esse momento turbulento e continuar cumprindo a nossa missão: administrar planos de benefícios previdenciários, contribuindo para a qualidade de vida dos nossos Participantes, Assistidos e Beneficiários.